(Raquel Pereira)
Título
melhor eu não poderia encontrar, era uma quinta feira de manhã, não tão de
manhã, pois as galinhas e os galos já se levantaram a muito, as fábricas já
tocaram suas sirenes e os trabalhadores já entraram no trabalho.
Finalzinho
da manhã, faltando algumas horas para começar à tarde, batia no relógio 10h15min
por aí, não me ative tanto ao exato momento, o importante é que saibam que eu
estava na sala de espera de um laboratório.
Embora
o dia estivesse quente, lá estava gostoso afinal o ar condicionado fizera o seu
trabalho. Uma tranquilidade, nem o choro que se ouvia bem baixinho de longe
quebrava o clima agradável.
Eu
não sei ao certo de que direção as duas vieram, só sei a direção em que foram (Banheiro),
ela até então a mãe, a garotinha no máximo 9 anos, a tranquilidade então se
quebrou deu espaço a uma cena que me cortou o coração:
A
mãe em bom tom dizia:
-
Vai faz logo esse xixi, nunca vi alguém demorar 3 horas para fazer um xixi!
E
quanto mais ela falava menos a menina fazia. Ela foi dizendo que estava
perdendo horas no trabalho, que aquilo era frescura da menina, que era só
fazer, e foi dizendo uma enxurrada de papagaiadas, por fim bufando saiu batendo
os pés, enquanto a menininha pelo corredor levantava a roupa e dizia:
-
Mãe me espera!
Ela
passou por mim com o olho cheio de lágrimas e eu só pude dizer, com olhar
acolhedor;
-Pequena!
Morrendo
de vontade de pegar no colo e dizer pra que não ficasse assim, xixi não pode
ser comandado, que ela não tinha culpa por não conseguir fazer.
Mas
tem coisas que não podemos...
Fico
pensando na loucura que é o mundo adulto, cheio de prazos e exigências, você
tem que fazer, precisa cumprir metas, precisa...precisa...precisa e bum!
A
que ponto chegamos no mundo das exigências, ousamos ordenar como reis:
- Ei
xixi saia agora! ou - Ei xixi você não vai sair.
Mas
o corpo é esperto, o corpo não aceita o autoritarismo desenfreado, ele segue o
que precisa seguir, doa a quem doer.
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