sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O mistério da menina cor da uva

(Raquel Pereira)

Conta-se que em uma pequena cidadezinha do interior, em um dia que o sol nem quis despontar no céu, preferindo o aconchego das nuvens, uma menininha da cor da uva foi encontrada por um fazendeiro que tinha levado sua filha para pescar as margens de um rio.

Quando pai e filha chegaram ao local, descarregaram o equipamento de pesca, prepararam tudo. O homem pediu silêncio a filha, dizendo que o barulho espantaria os peixes, a garota obedeceu, o silêncio se fez naquela manhã nublada as margens do rio. O céu pouco podia dizer sobre o sucesso ou não da pescaria, o barulho dos grilos ecoavam entre o verde, pássaros faziam leves voos mas nada que pudesse espantar os peixes. Sem que ninguém esperasse um choro de criança interrompeu os cri cri cris dos grilos.

O que podia ser aquilo? Afinal não haviam moradores naquela região, muito menos sinais que outras pessoas estavam por ali naquela manhã. Mas o que seria aquele barulho então? Onde estariam criança e mãe? Qual motivo de um choro tão estridente?

Katherine mostrou ao pai a direção de onde vinha o barulho, ao chegar ao local encontraram em um cesto um bebê, com um bilhete que dizia: - Linda menina cor da uva, amada serás, presente incomparável, um dia vais descobrir que todo mundo nasce para ser e fazer feliz, leve contigo uma certeza que o amor faz tudo ser um só.

Pouco podia se entender daquela escrita, como alguém que amava tanto aquela criatura poderia tê-la abandonado? que felicidade poderia ter aquela pequena com tanto abandono? que amor é esse que faria tudo ser um só? Estas perguntas atordoavam a cabeça de Katherine e seu pai.

Logo os dois acolheram em seus braços aquela linda menina. A cidade inteira logo soube que o fazendeiro e mulher tinham recebido em seu lar uma menina da cor da uva. A mulher do fazendeiro sentiu em seus braços a criança, acariciou sua pequena face, viu aqueles olhos negros lindos, deu o nome a ela de Rebeca, dizendo estas palavras: - Agradeço a Deus por mandar esta menina cor da uva, que unirá mais em amor nossa família, seu nome será Rebeca.

Assim o tempo foi passando, Katherine cuidava da garota com toda presteza de irmã mais velha, seus cabelos loiros contrastavam com os cabelos pretos e brilhantes de sua irmã.

Não havia na cidade quem pudesse duvidar do amor que as duas construíram durante os anos que se passaram, elas eram inseparáveis.

Rebeca sabia de sua história, como tinha ido parar nos braços de sua mãe, como o pai a irmã a acharam, tudo, mas sentia ainda em seu peito o mistério de não saber como tinha ido parar as margens daquele rio. Ela todos os anos sem contar a ninguém pois tinha medo de chatear a família, ia no mesmo dia em que foi achada no rio, tentando encontrar alguém que pudesse querer recordar algo ali, ou só para encontrar pistas que pudessem esclarecer todo o mistério da sua história, sem jamais encontrar nada.

Um dia porém voltou ao lugar, encontrou um cacho de uvas e um bilhete que dizia:

    Linda menina cor da uva, jamais te esquecerei.

    Seus olhos negros e brilhantes, amada tu foi e sempre serás.

    Hoje e sempre por ti olharei.

    Não procure uma família, ao seio onde estás este é o seu lar,

    feliz ali, sempre tu serás.

Ela nunca compreendeu direito aquelas palavras, e muito menos descobriu quem as escreveu, mas ali naquele dia livrou-se do mistério de um passado desconhecido. Sorriu ao lembrar da preocupação de Katherine, do carinho do abraço de sua mãe, das pescarias com o pai, viu que não havia o que procurar o amor fazia tudo ser um só, finalmente Rebeca compreendeu que aquela era sua família.

( O amor pode transformar histórias, proporcionar encontros de almas, basta ter um coração aberto para acolher, ouvir, dividir experiência, dividir o pão, assim unidos tudo fica mais fácil.)



2 comentários:

Shisuko disse...

Parabéns pelo seu blog.Uma graça...
Obrigada por divulgar o buffet... Beijokass....

Rogério Princiotti disse...

Eu sou o visitante numero 5 mil!
E adivinha : Sou seu noivo! kkk


Te amo amorzinho!