Raquel Pereira
Não quero escrever hoje, talvez não
queira escrever nunca mais.
Nada, nada do que possa ser dito com mão
e tinta, absolutamente nada!
Nada reflete um décimo do que está na
alma.
Mas, é quando não digo que elas aparecem
como fantasmas e assombrações.
Recolho-me a uma mísera folha, mas nada,
não há nada a dizer.
Ingrato qualquer verso que queira
transfigurar o que as entranhas da alma têm a dizer.
Não há montanhas, funduras ou encostas
que possam através das mãos explicar.
Escrevo e o tempo passa. Zero! zero o
cronômetro da linha do tempo.
Nada, nada mais quero saber do tempo que
ficou.
Que das pétalas arranco uma a uma, da
flor deixo só o esqueleto, é dele que me vale o tempo, é dele que outras
pétalas hão de aparecer.
Não lamento, pago com a fina pena da maldita
caneta, assim zero o tempo.
Já não há devedores, já não há dever,
nada! Não há nada que a alma tenha a dizer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário