( Raquel Pereira )
Outro dia assisti um filme recomendado por uma amiga, um
filme que a princípio não pareceu nada atrativo, daqueles que se você é
impaciente desiste logo no começo. Bom...
dei crédito muito que desconfiada, só continuei por ter um gosto bem parecido
com o dela.
O filme chama Alguém qualquer, conta a história de um
homem simples, solitário, condenado à
morte por uma doença cardíaca, Zé quase sem voz passa desapercebido como uma
sombra, até que... uma prima de não lembro quantos graus chega para morar em
sua casa.
Ela transforma o mundo dele totalmente, principalmente
quando descobre que o primo está prestes a morrer, cria diversas situações para
que ele aproveite a vida antes do dia fatídico.
O que no começo era pena vira amor, os dois se veem
apaixonados. Ela traz o medo da morte
que Zé não tinha. O amor tem dessas coisas dar significado onde antes não
tinha.
Ela o cativou, assim como o pequeno Príncipe fora
cativado pela Rosa, ou como a Raposa ansiava que o Príncipe a cativasse.
Agora ele, antes solitário e sem medo de ir pois nada
deixaria, estava preso, cativado por um amor que o fazia ter medo de morrer. ..ela
estava grávida.
Ele por sua vez se fechou como uma “ostra”. Ela... não
compreendera que ostras escondidas podem preparar grandes surpresas.
A prima de não sei quantos graus foi embora, não aguentou
o isolamento da ostra. A ostra por sua vez não se abriu continuou ali
formulando coisas dentro de si.
E foi assim que um dia o coração do Zé parou de bater,
ele sozinho em uma humilde casinha. Só foram dar conta de sua morte dias
depois, a ostra era organizadinha e nunca se atrasava e muito menos faltava ao
trabalho.
Tá aí uma vantagem de ser CDF no trabalho, principalmente
se você mora sozinho e não tem parentes perto, mas deixemos as preocupações de
lado. Voltemos ao Zé...
Depois de muito tempo a prima apareceu e descobriu a
partida. Foi orientada a procurar o antigo trabalho do primo. E foi assim que ela bem abatida, criança no colo, descobriu o
segredo da ostra... O mais belo tesouro... uma casa simples, com todos os
detalhes mais lindos, tesouro que a ostra tinha preparado para ela e o filho, filho
que não precisaria de nada pois seu pai trabalhara e todo o seu dinheiro fora
deixado para ele.
Ostras podem trazer grandes surpresas...
Fico pensando quantas ostras conhecemos, quantas pessoas
passam em nossas vidas, algumas nem do nome nos recordamos. Mas tenho certeza
que se alguma vez tivéssemos a curiosidade e paciência encontraríamos por aí
muitas ostras como Zé.
Durante a escrita desse texto meu pai me contou a
história de um morador de rua, ele corajosamente morreu tentando salvar uma
senhora hoje na Praça da Sé, ela refém de um rapaz, ele nem a conhecia, mas cá pra mim devia ser
uma dessas ostras que ninguém vê, ninguém ouve e nem sabe o nome, mas que
trazem grandes surpresas.
Viva as ostras! Viva aos Zés! Viva aos que vivem na sombra, mas que trazem o
sol em seu coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário